segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Crônica-Rubem Alves

 Tênis x Frescobol


Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...




Evento “Nossa Gente, Nossa Cultura” de Patrocínio Paulista-SP,será em outubro



O Departamento de Cultura de Patrocínio Paulista confirmou para os dias 12, 13 e 14 de outubro, o evento “Nossa Gente, Nossa Cultura”.

A festa terá shows com violeiros e artistas regionais,Dia 13 de outubro as 20:30 o Grupo Patropira da cidade fará abertura para o show de  dupla Belmonte e Amarai. O Grupo Sonho de Criança também fará apresentação.


GRUPO PATROPIRA

As apresentações acontecem todos os dias de festa a partir das 20h30, na Praça da Matriz.

Em breve mais informações .

Saudações Caipiras!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Grupo Patropira é a novidade da música caipira na cidade de Patrocínio Paulista-SP


Dois advogados, um dentista e um caminhoneiro atuando juntos na arte. Pelas características diferentes de cada profissão é difícil imaginar que um dia eles fariam parte de um grupo de música. Isso mesmo. Da amizade deles com dois músicos e o dom que cada um tinha em relação à música e a composição, surgiu uma banda de música caipira.

Foi depois de uma apresentação descontraída, sem compromisso algum, que o dentista Erlon Figueiredo; os advogados Bruno Rosa e Ani Carolina; o caminhoneiro Roney Figueiredo; e os músicos Paulinho dos Reis e Edson Zambelli decidiram se unir para cantar, tocar e levar alegria às pessoas.

O Grupo Patropira – junção de Patrocínio e caipira – surgiu há poucos meses, mas já é promessa de sucesso. Tem feito apresentações no Quiosque Bar, em Patrocínio Paulista, e em barzinhos de Franca. O repertório do grupo conta, inclusive, com músicas próprias no repertório. Uma curiosidade nas apresentações são os instrumentos de percussão utilizados, feitos com objetos que remetem a cultura caipira como enxadas, estribos e, inclusive, um sino usado na época da escravatura para reunir os escravos no momento das refeições.


Urbano - Como surgiu o Grupo Patropira?
Erlon Figueiredo – O grupo surgiu de uma brincadeira quando a Ani Carolina estava organizando o arraial da OAB local e o Bruno se dispôs, juntamente com o Paulinho Dedeira, a tocar algumas músicas na festa. Diante da disposição dos dois surgiu a ideia de convidar a mim e o Roney para tocarem alguma coisa também. Aceitamos o convite. Então, podemos dizer que o tudo surgiu de uma brincadeira que ficou séria devido à dedicação dos envolvidos. E, assim sendo, a evolução para a formação do grupo se deu de forma natural e por iniciativa de todos.

Urbano - Tinha um profissional de música no meio ou todos eram informais?
 Erlon Figueiredo - O Paulinho “Dedeira” é professor de música e toca há bastante tempo. O Edson Zambelli também toca percussão há algum tempo. Os demais são amantes da música e tem outras profissões.

Urbano - No repertório do Patropira constam músicas próprias? Se não, de quais músicos?
 Erlon Figueiredo - Temos algumas composições próprias e aos poucos vamos integrando-as ao repertório. Além disso, estamos ensaiando músicas do cancioneiro nacional como: Tonico e Tinoco, Renato Teixeira, Almir Sater,Tião Carreiro e Pardinho, Luiz Gonzaga, Alcéu Valença, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Titãs, Tim Maia, Gonzaguinha, Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa e músicas de domínio público que recentemente o nosso conterrâneo e grande amigo Noel Andrade gravou nos seu cd “Charruá”.

Urbano - Onde vocês se apresentam?
 Erlon Figueiredo - Inicialmente a ideia do grupo foi fazer música sem nenhum compromisso, somente como hobby. Mas, após a apresentação na festa da OAB recebemos convites para nos apresentar em festas populares e shows beneficentes.

Urbano - Como está a agenda de shows de vocês e quais os planos para o futuro?
 Erlon Figueiredo – Fizemos algumas apresentações recentemente aqui em Patrocínio Paulista, como a do Quiosque Bar, e agora vamos nos concentrar nos ensaios e pesquisas para enriquecer o repertório. Queremos continuar fazendo música de coração e nos divertindo. O futuro a Deus pertence.