sábado, 25 de junho de 2011

Esta faltando "prosa"-O mundo anda muito arredio




"Na "vorta" pra casa, o "cumpanheiro" de viagem ficou "mudim". O "radim" sem bateria liberou meus "uvidos", e foi então que "cumecei" a descobrir outros sons no vagão do trem. “É chego, não chegado!”, disse o "fio". “Claro que não, é chegado”, retrucou a mãe. “O que eu queria mesmo era uma mulher que me deixasse ficar com a mão engordurada”, zangou o "homi" com a namorada. “Mas ele não é casado?”, desconfiou uma "Muiê". “É, mas quando a gente não conhece a esposa, não conta”, esclareceu a "cumade". “Eu não acredito nisso de lagarta virar borboleta”, revelou o "meninim" pro seu irmão. Que retrucou, "marvado": “Então, espera até saber como se faz um ovo de galinha!”.Capturadas aos pedaços, fora do contexto, elas soam absurdas. Mas ouvir conversas alheias, mais do que hábito de gente metida, é um exercício antropológico: ensina-nos sobre a natureza humana, estimula a imaginação, rende risadas e reflexões. Às vezes, é uma palavra dita de outro jeito, como a mulher que citou o medo de um tal “ET de Vargínia”, ou o senhor que confidenciou: “Quando bebo, sinto dor no figo”. Adoro também um mistério repentino. “Você ouviu a última declaração do Cachaça?”, pesquei outro dia, e lá fui eu criar uma história imensa na cabeça sobre a figura. Bom mesmo é quando o improvável toma a gente no meio da rua. “O cara não tem certeza, mas dá pra saber que aquela Capitu é uma safada só pelo olhar!”, "escuitei" de um adolescente "revortado". Que belo resumo de Machado de Assis! E, mesmo na "farta" de "prosa", sempre se pode tentar a leitura "labiar", ou "inté" a livre interpretação de uma língua desconhecida. Vendo um "casar "de surdos-mudos conversar "instru" dia, os gestos me deram a impressão de um papo assim. Ele: “Sim, separou. Não tá sabendo?”. Ela: “É, e foi com uma faca bem afiada”. E pensar que essa arte de ouvir anda ameaçada pelos fones de ouvido e celulares. Pois, quando a bateria acaba, a gente descobre que é destapando as "oreias" que se "orve" o que interessa: a vida dos outros encontrando a nossa."


Traduzido para o Mineréis ...mas a mensagem é a seguinte.


Testo retirado da Revista Sorria segue aqui o link do original: http://www.revistasorria.com.br/site/edicao/conversa-afiada.php




Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.
A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que com amigo não tem que ter estas frescuras.
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.
Educação enferruja por falta de uso. E, detalhe: não é frescura.







DICIONÁRIO MINERÊIS/PORTUGUÊIS/CAPIRÊIS

DICIONÁRIO MINERÊS/PORTUGUÊS/CAIPIRÊS (ispía só qui trem seu,! Prestenção... )

ENGRAÇADIMAIS - ingraçadimais, muituingraçado.
PRESTENÇÃO - é quano eu tô falano iocê num tá ovino .
CADIQUÊ? - assim..., como qui tentanu intendê o motivo.
CADIM - é quano eu num quero muito, só um poquim .
D`EU - o mez qui 'di mim'. Ex.: Larga d`eu, sô!
SÔ - o mesm qui Seu, ou o fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamem? : Cuidadaí, sô !!!
DÓ - o mez qui 'pena', 'cumpaxão' : 'ai qui dó, gentch...!!'
NIMIM - o mez qui in eu. Exempro: Nòoo, ce vivi garrado nimim, trem!... Larga deu, sô!!...
NÓOO - Num tem nada a vê cum laço pertado, não! Omez qui 'nossa!..' Vem de Nòoosinhora!...
PELEJANU - omez qui tentanu: Tô pelejanu quesse diacho né di hoje, qui nó! (agora é nó mez!)
MINERIM - Nativo duistadiminnss.
UAI - Uai é uai, sô... Uai!
ÉMÊZZZ?! - minerim querêno cunfirmá.
NÉMÊZZZ?! - minerim querêno sabê si ocê concorda.
OIAQUI - Minerim tentano chama atenção pralguma coizz...
PÃO DI QUEJU - Iosscêis sabe!... Cumida fundamentar qui disputa com o tutu a preferêca dus minêro.
TUTU - Mistura de farinha di mandioca (o di mio) cum fejão massadim. Bom dimais da conta, gentch!!..
TREIM - Qué dize quarqué coizz qui um minerim quizé! Ex: "Já lavei US Trem!" "Qui trem bão!!"
NNN - Gerúndio du minreis. Ex: 'Eles tão brincannn', 'Cê tá innn, eu tô vinnn...'
PÓ PÔ - umez qui pó colocá .
POQUIM - só um poquim, pra num gastá muito .
JISGIFORA - Cidadi pertin du Ridijanero. Cunfunde a cabeça do minerim que si acha qui é carioca.
DEUSDE - desde. Ex: 'Eu sô magrelin deusde rapazin!'
ISPÍA - nome da popular revista 'VEJA'.
ARREDA - verbu na form imperativ (danu órdi), paricido cum sai. 'Arredaí, sô!'
"IM" - diminutivo. Ex: lugarzim, piquininim, vistidim, etc.
DENDAPIA - Dentro da pia.
TRADAPORTA - Atrás da porta.
BADACAMA - Debaixo da cama.
PINCOMÉ - Pinga com mel.
ISCODIDENTE - Escova de dente.
PONDIÔNS - Ponto de ônibus.
SAPASSADO - Sábado passado.
VIDIPERFUME - Vidru de perfume.
OIPROCÊVÊ (ou OPCV) - óia procê vê.
TISSDAÍ - Tira ISS daí.
CAZOPÔ - Caxa disopor.
ISTURDIA - Otru dia.
PROINOSTOINO? - pronde nós tamo inu?
CÊSSÁ SÊSSE ONS PASSNASSAVASS? - ocê sabe se esse ônibus passa na Savassi?
DONCOTÔ? - onde que eu tô?
DONCOVIM? - de onde que eu vim?
PRONCOVÔ? - pra onde que eu vou?"